quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Os primeiros representantes da família van Erven no Brasil



por Domingos van Erven (dvanerven@gmail.com )


Os primeiros representantes da família van Erven que se radicaram no Brasil foram os holandeses Jacobus Gijsbertus Paulus van Erven e seus irmãos Franciscus Joannes e Maria Cornelia Theresia. Este texto concentra-se, pela maior disponibilidade de informações, em Jacobus, meu trisavô, cujo nome em francês era Jacques Guilbert Paul van Erven. No Brasil, seu nome foi traduzido para o português, e é assim que aparece mencionado em diversas publicações e documentos: Jacob van Erven, às vezes antecedido pelo título honorífico.
(v. foto: Comendador Jacob van Erven)

Conforme pesquisas realizadas por John van Erve, que investiga a genealogia da família há muitos anos1, Jacobus foi batizado em Utrecht em 1 de agosto de 1800, numa igreja católica romana na rua Jerusalem, filho de Joannes Baptista van Erven e Maria Cecília Auwers. Essa igreja não mais existe em Utrecht. 

OS ANTECEDENTES FAMILIARES

Sobre seus pais, o pesquisador conseguiu apurar o que segue: Joannes Baptista foi batizado em 1773 em Tilburg (cidade bem ao sul da Holanda, próxima à fronteira com a Bélgica). Casou em 1798 com Maria Cecília Auwers, em Bergen op Zoom, onde ela se batizou em 1776 (o sobrenome Auwers é de origem belga). Ele era um comerciante, "irrequieto e aventureiro" na suposição de John, pois viveu em muitos lugares tais como Tilburg, Utrecht, Amsterdam, Haarlem e, também na Espanha. Em 1819 encontrava-se em San Ildefonso e em 1836 em Madri. Jacobus, aparentemente, herdou o temperamento não acomodado do pai... Além de Jacobus, o casal teve os seguintes filhos: Antonius Walterus Fredericus (Frits) (bat. 1799-1890), Petrus Franciscus (bat. 1801-1864), Maria Cornelia Theresia (bat. 1802- 1872) e Franciscus Joannes (bat. 1804- 1875). Petrus Franciscus foi sacerdote católico, professor no seminário menor de Hoogstraten, na Bélgica, e cônego na catedral de Mechelen (em francês Malines) nesse mesmo país.
Antonius, como o pai, também se mudou para a Espanha mas retornou à Holanda em 1826. Tornou-se um bem sucedido comerciante de algodão em Tilburg, onde se casou com Theresia Constance Segers. O casal teve quatro filhos. Radicado em Tilburg, Antonius deu apoio aos seus três sobrinhos brasileiros (João, Jacob e Bernardo), filhos de Jacobus, quando estes estudavam em Gent (ou Gand), na Bélgica.
Maria Cornelia Theresia e Franciscus Joannes também vieram para o Brasil, como já foi dito. Foram mencionados com seus nomes traduzidos-- Maria Teresa e João -- no artigo sobre a família publicado na “Revista Genealógica Latina”, v. 8, 19562.
João van Erven, segundo essa fonte, nasceu em Utrecht e faleceu em Cantagalo (sic). Casou com Ana Matilde da Fonseca; são os pais de Maria Cristina, nascida em Cantagalo e batizada em 1839. Todavia, segundo Lênio Richa, em seu site sobre a genealogia dos povoadores da região serrana do Rio de Janeiro http://www.genealogiabrasileira.com/cantagalo_vanerven.htm, João faleceu não em Cantagalo mas em Petrópolis, na Fazenda Engenhoca, em 1875 (o jornal "O Globo" do Rio de Janeiro, de 15.04.1875, p. 4, publica convite para missa de 7º dia em sua intenção, a realizar-se no mesmo dia 15 na igreja matriz da freguesia de S.José do Rio Preto). Informa-se aí que ele era engenheiro, mas na realidade era médico, conforme o livro de Jan van Erven Dorens citado abaixo. Viveu algum tempo na Espanha, antes de vir para o Brasil. Em Cantagalo, era vacinador da Câmara em 1835. Casou com Ana Matilde (...) da Fonseca, filha de Manuel Rodrigues de Araújo e Luísa Helena do Céu.
Quanto à filha Maria Cristina van Erven, nascida em 1838 em Cantagalo, ela faleceu "solteira, bastante idosa, em Petrópolis".
Pesquisando na internet, descobri que João (Joannes) van Erven, em 7 de janeiro de 1848, enviou carta da freguesia de S.José do Rio Preto (atual município de S. José do Vale do Rio Preto, na região serrana fluminense) ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro comunicando o falecimento "em seus braços" do 2º secretário desse Instituto, seu amigo Santiago Nunes Ribeiro d'Aguiar 3.
Da freguesia de S.José do Rio Preto originou-se o município de Petrópolis. Conforme ata da 15ª sessão da Câmara Municipal de Petrópolis, realizada em 17 de novembro de 1870, João van Erven, juntamente com outros quatro "cidadãos importantes do lugar", foi convidado por essa Câmara a auxiliar o governo provincial em seu esforço de construir escolas públicas em diversas localidades do município, tendo em vista a carência de recursos públicos. Antes disso, ata de uma outra sessão da mesma Câmara, realizada em 1868, inclui o seu nome numa relação dos cidadãos que receberam votos para vereador4.
Consta também no artigo da "Revista Genealógica Latina" que Maria Teresa van Erven nasceu em Utrecht em 1804 (sic) e faleceu em Cantagalo em 1872, tendo se casado com alguém da família Silveira. Mas na realidade, conforme apurou Lênio Richa (cf. site já citado), trata-se da família Silvestre e não Silveira. Maria Teresa van Erven, quando vivia na Espanha com o pai, conheceu e veio a se casar com Don Luís Silvestre de Garcia, "oficial de cavalaria da Guarda Real". Após enviuvar, ela emigrou para o Brasil (passou a morar com seu irmão Jacobus na fazenda Santa Rita) acompanhada dos filhos Matilde e Luís Silvestre de Garcia, ambos nascidos em Madri e falecidos em Cantagalo. Matilde ("inventariada em 1910" em Cantagalo) casou com Francisco Inocêncio Lessa, "dono da fazenda São Martinho". São os pais de Luísa Maria de Souza Lessa que se casou com seu primo Bernardo van Erven, filho do segundo casamento do Comendador Jacobus (Jacob) van Erven.
De acordo com o pesquisador John van Erve, um livro em holandês, publicado em 1928, já afirmara que Jacobus viera para o Brasil com um irmão, aqui identificado como João (Joannes, ou ainda Franciscus Joannes), enquanto a irmã, Maria Theresia, teria vindo mais tarde, após enviuvar, conforme já foi dito. Esse livro refere-se à história da família van Erven Dorens. Afirma que o tio de Jacobus por parte de pai, Walterus Antonius van Erven (bat.Tilburg 1767- Amsterdam 1851) obteve permissão real para mudar seu sobrenome, visando perpetuar o de seu sogro, que não teve filho varão. Assim, a partir de 1828 ele passou a chamar-se Walterus van Erven Dorens. No centenário dessa mudança, em 1928, Jan van Erven Dorens, então residente em Paris, publicou o livro contendo a história de seu sobrenome, onde se refere à vinda de Jacobus ao Brasil com um irmão (informações prestadas por John van Erve). O autor dessa publicação é avô da Sra. Jacqueline Jeanne van Erven Sigaud, que me permitiu acesso à tradução do primeiro capítulo do livro. A propósito, ela veio para o Brasil, ainda menina, com seus pais em 1941. O site de Lênio Richa, antes citado, apresenta, em seu final, informações sobre esse ramo da família, que se fixou mais recentemente no Brasil. Jacqueline casou com Paulo E.Tassano Sigaud (filho do grande artista plástico brasileiro Eugênio Proença Sigaud). Dessa união nasceram os filhos Nicole A. van Erven Sigaud (mãe de Cedric e Willem) e Eduardo van Erven Sigaud (pai de Victor)5.

O PERÍODO HOLANDÊS (1800-1824)

Quando Jacobus nasceu, Utrecht estava sob a ocupação da França, que se estendeu de 1795 a 1813. Luis Bonaparte, irmão de Napoleão, que foi rei da Holanda durante 1806-1810, residiu nessa cidade. Onde teria Jacobus passado a infância e a adolescência, ou melhor, o período de 1800 a 1824, ano em que emigra para o Brasil? O pesquisador John van Erve informa que em 1819 ele estudava em Tilburg e morava num pensionato. Seu pai já tinha se mudado para a Espanha e ele era apoiado naquela cidade pelo tio, por parte de pai, Walter van Erven (depois Dorens), comerciante. Sabe-se que se formou em engenharia. Mas por qual universidade? Não foi a de Utrecht nem a de Gand, pois consultei tais universidades e nelas não há nenhum registro a respeito dele. Os locais de batismo dos filhos mais jovens de Joannes Baptista dão uma idéia dos locais de residência da família: Petrus Franciscus foi ainda batizado em Utrecht (1801), mas Maria Cornelia Theresia o foi em Amsterdam (1802) e Franciscus Joannes em Haarlem (1804). Pelo mapa se nota que o deslocamento deles se dá em direção do mar...

RAZÕES DA EMIGRAÇÃO PARA O BRASIL

A informação de que Jacobus (ou Jacob) emigrou para o Brasil em 1824, pouco depois de diplomar-se em engenharia, consta do artigo da “Revista Genealógica Latina”. Radicou-se na região de Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro. “Coube-lhe organizar e administrar as 23 fazendas do barão de Nova Friburgo, do qual era sócio em outras, inclusive na de Santa Rita”6
O que teria levado Jacobus e irmãos a emigrar para o Brasil? Acredito que os seguintes fatores (um de expulsão e outro de atração) foram os mais importantes para a sua decisão7:

1) A situação econômica precária da Holanda naquela época, e sua conturbada vida política. Após a sua economia ter atingido o auge no século XVII, devido à expansão colonial e enriquecimento pelo comércio, com a atuação das duas Companhias, uma das Índias Orientais e outra, das Índias Ocidentais (que ocupou o nordeste brasileiro), as condições econômicas da Holanda se deterioram acentuadamente no século XVIII, sendo o país agitado por movimentos políticos influenciados pelas idéias iluministas, da Revolução Francesa (1789) e das guerras napoleônicas, que opuseram a França à Inglaterra, envolvendo também os seus aliados. Assim, por volta de 1770, os “patriotas” holandeses, influenciados pelas idéias da França, revoltam-se contra o “stadhoulder” Guilherme V. Em 1795 as forças revolucionárias francesas invadem a Holanda. Guilherme V foge para a Inglaterra, que declara guerra ao seu país, além de declarar bloqueio contra a Holanda, e lhe tomar as colônias. Implanta-se na seqüência a República Batava (segundo o modelo do Diretório francês) e em 1806 Luis Bonaparte, irmão de Napoleão, assume o reino da Holanda, permanecendo no poder até 1810, quando tal reino é anexado ao Império Francês. Em 1813, com a derrota de Napoleão em Leipzig, os holandeses readquirem a autonomia e colocam no poder Guilherme de Orange, que passa a se chamar Guilherme I, Rei dos Países Baixos. O reino inclui a Bélgica, que se revolta mais tarde e se separa da Holanda em 1830. Destaque-se ainda que, antes da Revolução Francesa, entre 1780 e 1784, trava-se uma guerra entre a Holanda e a Inglaterra, esta contrariada em seus interesses comerciais pelas relações estabelecidas entre a Holanda e os Estados Unidos recém- independentes e com a França. Naturalmente, todos esses acontecimentos prejudicam muito a economia holandesa, cuja prosperidade advinha do comércio marítimo, e contribui para o descontentamento dos habitantes da região, que se veem estimulados a emigrar, pela piora das suas condições de vida. Isso deve ter influenciado a decisão dos membros mais jovens da família de Joannes Baptista, o qual, como vimos, dedicava-se à atividade comercial. Por outro lado, a vinda de Jacobus ao Brasil poderia estar relacionada não tanto às dificuldades econômicas mas à agitação política antes mencionada. Fernando Tasso Fragoso Pires, referindo-se às razões da emigração do jovem Jacob, afirma o seguinte: “chega ao Rio de Janeiro em 1824, ao se ver forçado a fugir para não ser preso por se envolver em arriscadas questões políticas na Europa”8. Todavia, o autor não informa em que se baseia para fazer tal afirmação. Uma hipótese seria o envolvimento do estudante Jacob (e também do irmão João), na Espanha -- para onde havia emigrado seu pai -- no movimento liberal contra o rei Fernando VII, da Casa de Bourbon, absolutista, que retornou ao poder após a derrota de Napoleão, e reprimiu duramente os seus opositores. Isso é referido no livro "Barão de Nova Friburgo: impressões, feitos e encontros" de Luiz Fernando Dutra Folly et al. (Rio de Janeiro: UFRJ/EBA, 2010- p. 84), mas também neste caso falta a indicação das fontes que justifiquem as afirmações. 

2) O Brasil (assim como os Estados Unidos) representava uma alternativa promissora para as populações potencialmente migratórias da Europa. O país, em 1808, recebe D.João e a corte portuguesa, que se transferem para o Brasil como conseqüência da invasão de Portugal pelas forças napoleônicas. Logo em seguida, abrem-se os portos brasileiros às nações amigas. A partir de 1810 os estrangeiros naturalizados poderão ser proprietários de sesmarias oferecidas9. D.João interessa-se pela imigração estrangeira, tendo mesmo oferecido uma série de incentivos (acesso à terra, auxílio financeiro etc) para receber os imigrantes suíços que em 1819 chegaram ao Brasil e fundaram a colônia de Nova Friburgo, na região de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro. No ano em que Jacobus chega ao Brasil (1824), Nova Friburgo recebe ainda imigrantes alemães. Assim, o Brasil, e a região de Cantagalo em particular, passa a ser divulgado na Europa como uma terra promissora para jovens ambiciosos, dispostos a “fazer a América”, ou a fazer fortuna nesta parte do globo. Aqui poderiam ter acesso a consideráveis extensões de terra, localizadas não muito longe da capital do país, sede da corte. É justamente em Cantagalo que Jacobus vai se radicar, com algum capital que deve ter trazido consigo (sua parte da herança, recebida do pai por antecipação, como ocorria às vezes?), pois será sócio do Barão de Nova Friburgo em algumas fazendas. Pode ter emigrado de forma independente, ou acompanhado os primeiros emigrantes alemães que vieram para o Brasil em 1824. Aliás, foram companhias marítimas holandesas que, alguns anos antes, transportaram os emigrantes suíços para o Brasil, cujos navios partiram de Amsterdam e Rotterdam. Quanto aos alemães, eles partiram de Amsterdam e Hamburgo10.

ASSOCIAÇÃO AO BARÃO DE NOVA FRIBURGO

No Brasil, Jacob vai associar sua vida econômica a Antônio Clemente Pinto (1795-1869), que se tornaria posteriormente, em 1854, barão de Nova Friburgo. Segundo Fernando T.F. Pires, foi em 1830 que Jacob veio a conhecê-lo, tendo Antônio o convidado para procurar ouro nas montanhas de Cantagalo. Iniciou-se assim uma duradoura parceira entre ambos. Diz aquele autor que eles “se tornaram amigos de toda a vida e dois opulentos fazendeiros de café na serra, sendo troncos familiares de gerações que se sucederam nos vastos cafezais e nos amplos solares rurais fluminenses”11.
Segundo Antônio de São Clemente (numa carta enviada a Edgard Teixeira Leite, em out. de 1950), a mudança de atividade, da exploração aurífera para a cafeicultura, foi sugerida ao Barão por Jacob van Erven, "tendo em vista os excelentes resultados que estavam colhendo os plantadores de café nas Índias neerlandesas" (apud Luiz Fernando Dutra Folly et al.-- "Barão de Nova Friburgo: impressões, feitos e encontros". Rio de Janeiro: UFRJ/EBA, 2010- p. 28).

Antônio Clemente Pinto, português, nasceu em 1795 em Ovelha de Matão, tendo emigrado para o Brasil aos doze anos. Empregou-se no comércio. Como esse “moço de recados” pobre tornou-se “o mais rico fazendeiro, não só do distrito de Cantagalo, como de todo o Brasil” é assunto que J.J.von Tschudi, no seu livro sobre as viagens à América do Sul, não deseja discutir, embora levante a questão e afirme que ele teve a proteção de um “rico fazendeiro” (sabe-se que foi o barão de Ubá) e explorou o comércio de escravos, dentre outras atividades12.
Sobre Antônio Clemente Pinto, afirma Fernando dos Reis:

"Em 1829, requereu e obteve uma concessão de terras nas vizinhanças, então ainda selvagens, de Cantagalo. A concessão tinha por objeto a lavra de ouro, que, com parcos resultados, ainda se fazia naquela região. Logo percebeu ele a pouca valia dessa atividade e passou a dedicar-se primordialmente à agricultura. Foi então que, graças ao arrojo de suas iniciativas, seu tino administrativo e capacidade de trabalho, conseguiu expandir consideravelmente suas propriedades. Chegou a possuir mais de 20 fazendas, localizadas entre Cachoeiras de Macacu e as proximidades da atual Itaocara, tornando-se um dos maiores cafeicultores do país. O café era então, como por mais um século depois, o principal produto de exportação do Brasil e a região de Cantagalo, sua maior produtora.
Suas fazendas se distinguiam pela boa organização e pelo uso da melhor tecnologia então disponível. Algumas eram administradas por europeus, que tinha por sócios, os quais lhe traziam os benefícios de técnicas e costumes de sociedades mais desenvolvidas. Entre suas iniciativas inovadoras e progressistas, podemos citar a construção de um sistema ferroviário de “trolleys”, movidos a manícula para interligar grande parte de suas propriedades
"13.


Um desses “europeus, que tinha por sócios”, era Jacob van Erven, como se depreende do artigo antes citado da “Revista Genealógica Latina” e da citação abaixo, do livro de Tschudi.
Conforme a nota introdutória à edição brasileira desse livro, escrita pelo conhecido historiador Afonso de E. Taunay, o barão Johann Jakob von Tschudi (1818-1887) foi um cientista e diplomata suíço que realizou várias viagens de estudo a alguns países da América do Sul, inclusive o Brasil, permanecendo nessa ocasião por dois anos em nosso continente, a partir de 1857, tendo se demorado no distrito de Cantagalo, pois foi nessa região que D.João VI estabeleceu a colônia de suíços donde se originou Nova Friburgo. A colônia fracassou, devido principalmente à má qualidade das terras a eles destinadas, e os imigrantes a abandonaram em busca de melhores oportunidades econômicas tanto no meio rural quanto urbano. Alguns deles, porém, chegaram a prosperar, explorando a cafeicultura nas terras férteis de Cantagalo, ou a leste de Nova Friburgo14.
Em 1860 Tschudi voltou ao Brasil como ministro plenipotenciário da República Helvética para tratar, em missão especial, de problemas relacionados à imigração suíça. Seu livro, intitulado “Reisen durch Süd-Amerika” foi publicado em Leipzig em 1866. Nele há uma menção explícita a Jacob nestes termos, conforme a edição brasileira:

"A agricultura brasileira parece ser exercida no distrito de Cantagalo pelos métodos mais racionais. Existem algumas fazendas instaladas em moldes modernos e práticos, que dão resultados satisfatórios, em desacordo com a apatia e indiferença geral que reina no meio brasileiro. Muitos dos fazendeiros ali residentes são europeus de grande inteligência. Se não me engano, foi o sr. Jakob van Erven o primeiro a trilhar pela agricultura racional, tendo introduzido várias inovações na tecnologia agrícola. Jakob van Erven administrava nada menos do que 11 fazendas do Barão de Nova Friburgo, sendo co-proprietário de algumas delas. Os grandes recursos monetários e o número elevado de operários facilitavam sua tarefa, e o levavam a êxitos completos nos seus empreendimentos modernizadores. Tais resultados não deixavam naturalmente de ter sua influência benéfica sobre os demais fazendeiros da região e agricultores do distrito todo"15.

Tschudi usa o verbo no passado—Jacob “administrava” 11 fazendas do Barão de Nova Friburgo, o que significa que na época da publicação do livro (1866) ele já havia se retirado de tais atividades. Faleceu em Bordeaux, França, em 1867, “inventariado no mesmo ano em Cantagalo”16. Contava então cerca de 67 anos de idade.
No ano da vinda de Jacob para o Brasil (1824), o governo de Pedro I assenta em Nova Friburgo 343 colonos alemães, certamente para dar um novo alento àquele projeto de colonização frustrado, que havia recebido anteriormente 1667 suíços (dos 2013 passageiros dos navios, deduziu-se o elevado número dos que morreram em trânsito)17.
Das informações disponíveis, pode-se inferir que a vinda de Jacob para o Brasil está de alguma forma (ainda não suficientemente esclarecida) relacionada a esses movimentos migratórios, pois a época é a mesma, assim como a região de destino no Brasil (Cantagalo). Jacob veio da Holanda, país em que os imigrantes suíços tiveram que permanecer por algum tempo, esperando pelo embarque, o que deve ter causado impacto na opinião pública, chegando certamente tais informações ao seu conhecimento. Todavia, seu nome não é mencionado em nenhum momento na narração do processo de transferência dos imigrantes suíços para o Brasil, apresentada no livro de Martin Nicoulin, nem no estudo de José Antônio Soares de Souza sobre os colonos alemães18. De qualquer forma, ele vai radicar-se na região de Cantagalo e ali constituir família.
Quando faleceu Luis van Erven, em 1927, a Ata da 137a. sessão ordinária do Club de Engenharia do Rio de Janeiro incluiu uma carta de A. Getúlio das Neves dirigida ao Presidente daquele Club sobre as qualidades do falecido, seu 1º Secretário por muitos anos, na qual faz referência ao avô dele:

"Do lado paterno teve por avô o notável engenheiro holandês Jacob van Erven, que de três consórcios, sempre com esposas brasileiras, deixou extensíssima prole de que saíram engenheiros, industriais e homens de lavoura distintíssimos.
É oportuno e de justiça consignar que Jacob van Erven, em importantíssimas obras de engenharia e largos empreendimentos industriais, foi o braço direito de Antônio Clemente Pinto, mais tarde Barão de Nova Friburgo, o opulento proprietário agrícola do legendário município de Cantagalo, cujos estabelecimentos eram modelos grandiosos em seus colossais engenhos e faustosas casas de moradia, auxiliar constante desse mesmo Clemente Pinto, que dotou a nossa Capital Federal com o Palácio do Catete, em que hoje está instalada a presidência da República, e a cidade de Friburgo, de soberbas e luxuosas vivendas, pai dos Condes de São Clemente e de Nova Friburgo, de cujo esforço e patriotismo devemos a construção da Estrada de Ferro de Cantagalo, hoje uma das linhas importantes da extensa rede da 'Leopoldina Railway'
"19.

CANTAGALO & O CAFÉ

Na época da juventude e maturidade de Jacob, a cafeicultura se desenvolvia rapidamente na região de Cantagalo, dadas as condições favoráveis à sua cultura. No atual Estado do Rio de Janeiro, o café se expandiu “em duas direções: para sudoeste, alargando-se de São João Marcos a Resende; e para o norte, dando as grandes plantações de Vassouras, Valença e Paraíba do Sul, alcançando mais tarde Cantagalo.” /.../ Vassouras era “a capital do café brasileiro nas primeiras décadas do século XIX.” /.../ “Até a sexta década do século XIX, no reinado de Dom Pedro II, a província do Rio de Janeiro mantinha a hegemonia da economia cafeeira. Em 1859, sua posição em relação ao total da produção brasileira atingiu 78,41%, colocando-se São Paulo em segundo lugar com 12,13% e Minas Gerais com 7, 78%”20.
Em meados do século XIX, o café era responsável pela maior parcela das exportações brasileiras. “O café tomou toda a baixada fluminense e o vale do rio Paraíba, nas províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo (ao leste). Essa região, entre os anos de 1840 e 1880, seria a maior produtora mundial de café.”21
Alguns anos antes de Tschudi, em 1850 ou 1851, visitou a região de Cantagalo outro viajante estrangeiro, o naturalista alemão Hermann Burmeister. Sobre essa viagem ele deixou um relato, publicado na Europa em 1853, após o seu retorno a esse continente. Conforme a nota que antecede a edição brasileira de seu livro (“Viagem ao Brasil através das províncias do Rio de Janeiro e Mina Gerais”. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980), Burmeister permaneceu no Rio de Janeiro entre 12 de setembro de 1850, data precisa de sua chegada ao Brasil, e 2 de junho de 1851 quando seguiu para Minas Gerais e aí viveu por cinco meses, retornando para a Europa em princípios do ano seguinte. Assim a visita que fez à fazenda Santa Rita, administrada por Jacob van Erven (ou Jacob von Erben, como ele escreve), deve ter ocorrido naquele período inicial. Burmeister desejava “conhecer uma das maiores fazendas de café do Brasil”. Por isso procurou a fazenda Santa Rita, indicada pelo ministro Sinimbu22, da Agricultura, e por Antônio Clemente Pinto (o futuro barão de Nova Friburgo), o mais importante fazendeiro da região, seu co-proprietário. Burmeister procura Jacob com as duas cartas de recomendação escritas por eles, conforme é mencionado no livro. Diz o alemão sobre Jacob:
Conheci, então, um homem de caráter extraordinário, que já passara por muitas provações na vida, mas que conseguira, também, excelentes compensações, vendo florescer e progredir seus empreendimentos. Sócio do sr. Clemente havia vários anos, administrava-lhe todos os negócios e encontrava-se à testa de uma empresa de produção, que rivalizava com as primeiras do gênero no Brasil e colocava-se à altura das suas congêneres européias. O produto principal era o café; exploravam-se, ainda, todos os demais ramos da agricultura, para o abastecimento da fazenda e seus habitantes. Também o ouro, em minas próprias” (p.154)

Burmeister passa a descrever então as características da produção de café nessa fazenda, afirmando por fim que ela “ocupava 260 escravos e fornecia, quando em plena safra, 400 arrobas diárias de grãos de café limpos”, alcançando uma produção anual média de 15.000 arrobas. O valor de uma arroba, acrescenta, situava-se entre 2.000 e 2.500 réis, “preço médio pelo qual é vendida no Rio” (p.156). A propósito, o café era transportado em lombo de mulas de Santa Rita a São Fidélis, “uma pequena vila nas margens do Paraíba, de onde saem as embarcações que levam o café até Campos. De lá, ele é transportado, ainda por via fluvial, em sumacas, para o Rio” (p.161). Na conversação que mantiveram, Burmeister afirma que seu anfitrião concordou com ele “em que a escravatura era um mal e que devia ser abolida no Brasil, o quanto antes” (p. 157). Ambos defendiam uma política de estímulo à vinda de “colonos livres”, ou seja, de imigrantes. Nesse sentido, afirma que Jacob lhe dissera que “elaborara um relatório a esse respeito e que tencionava não só apresentá-lo à Câmara dos Deputados, como também ao governo, distribuindo-o, ainda, por meio de boletins impressos” (p.158) (lembremo-nos que se acabara de aprovar a lei que extinguia o tráfico de escravos para o Brasil, em 1850). Dentre as diversas instalações da fazenda a que o naturalista se refere inclui-se o hospital para os escravos em Santa Rita, cujo médico-chefe era o alemão dr. Teuscher, que também atendia o hospital da fazenda de Areias, “pertencente ainda ao sr. Clemente Pinto e distante da primeira cerca de duas léguas” (os serviços dessa fazenda eram dirigidos por um feitor francês chamado André). Burmeister também visita essa fazenda e é ali que ele se despede de Jacob:
Havendo esperado a chegada do sr von Erben (sic), para agradecer-lhe pessoalmente a cavalheiresca hospedagem que me fora oferecida em sua fazenda, prossegui com ele em animadas conversações, que giravam, em geral, em torno das ossadas que haviam sido encontradas perto de Santa Rita; e, assim, as horas da noite iam-se passando céleres. O sr von Erben mostrou-me algumas reproduções dessas ossadas e eu, pelo tamanho das mesmas, cheguei à conclusão de que não pertenciam ao Megatherium, mas ao Scelidotherium, pois o último dedo do pé ali reproduzido tinha a estrutura dos desta espécie. As ossadas, que se encontram no Museu do Rio de Janeiro, foram retiradas de uma profundidade de 30 pés, de sob uma camada de barro, ao consertar-se um caminho; (...) A aldeia de Santa Rita, na qual foram achadas, é um lugar muito insignificante, gozando apenas de uma linda situação no cume de uma colina, donde se descortina toda a paisagem. A aldeia conta com 30 casas e 300 habitantes, possuindo também duas escolas” (p.162) (anteriormente Burmeister afirmara que a vila de Cantagalo, sede do município, contava “mais ou menos 100 casas, 1 igreja e perto de 1200 habitantes”- p.152).

Mauro Leão Gomes, em sua tese de doutoramento23, afirma sobre a fazenda Santa Rita: “Se por um lado o plantio e a colheita do café eram realizados na Fazenda Santa Rita de um modo muito semelhante aos de outras fazendas da serra fluminense, o mesmo não acontecia com a forma como os grãos eram ali beneficiados. Além de terreiros de gesso, onde permanecem na primeira etapa da secagem, os grãos são levados a um moinho, depois a um forno de secagem e posteriormente aos pilões. É importante notar todos estes aparelhos eram movidos a vapor ou a energia hidráulica. Esta sim, era uma diferença significativa para outras fazendas”. Burmeister descreve desta maneira o processo produtivo da fazenda:

O terreiro é um amplo pátio calçado com grandes lages ou gesso. Ao lado dele, acham-se as habitações, de cujas janelas pode-se, facilmente, vigiá-lo. É ali que os grãos ficam até secarem por completo, sendo, então, levados para um moinho provido de ralos mais finos, que os liberta das últimas parcelas de polpa ainda aderentes. De lá, passam para o forno de secagem, num edifício bastante sólido e, cuja instalação se pode comparar à dos nossos aparelhos de calefação. Situado no andar térreo, este forno põe o ar por ele aquecido em circulação pela casa toda. A corrente quente passa por cima e através de peneiras nas quais os grãos se encontram espalhados em camadas finas. De 40 a 50 dessas peneiras são colocadas, umas sobre as outras, à distância de 6 polegadas. Retirados dali, os grãos entram para o pilão, espécie de máquina batedora, que separa os últimos detritos e, finalmente, passam para o moinho de pó, cujos jactos de ar deixam-nos completamente limpos. É este o último tratamento ao qual é sujeito o grão antes do acondicionamento em sacos grossos, de 4 arrobas. Estes sacos metidos em cestos primitivos são carregados, no lombo de muares, até o rio ou o porto de embarque mais próximo”. (p.155-156)

Segundo Leão Gomes, para Burmeister a fazenda Santa Rita, na época, “seria uma das maiores e mais bem equipadas fazendas de café do Brasil”. E no entanto havia um descompasso “entre a sofisticação dos processos mecânicos de beneficiamento do café e a precariedade das técnicas de cultivo, que inviabilizavam de um modo definitivo os solos da propriedade para novas plantações”. É que não havia então a preocupação conservacionista...
Mais diante, Leão Gomes afirma: “Assim como no restante do Vale do rio Paraíba do Sul, em Cantagalo, uma grande fazenda de café funcionava como uma comunidade quase auto-suficiente, apoiada no braço escravo”. Além dos escravos, a fazenda contava com agregados, “geralmente brancos e mestiços, que executavam as tarefas administrativas ou as que exigissem qualquer tipo de especialização, como as atividades dos ferreiros, dos feitores, dos carpinteiros, dos artífices, dos pedreiros etc.”
Ainda de acordo com Leão Gomes, baseado em informações colhidas no Almanak Laemert, “Em 1850 o município de Cantagalo já tinha 111 fazendas de café, das quais 6 com terreiros de pedra, estufas de secagem e engenhos de pilões pertencentes respectivamente a Antônio Clemente Pinto, Eufrásia Lantmann Poppe, Jacob van Erven, Rafael Ignacio da Fonseca Lontra e às firmas Clemente & Bellieni e Troubat & Clemente.” Após constatar um crescimento inicial do número de fazendas em Cantagalo, o pesquisador verifica que estas começam a declinar a partir de meados da década de 1860, o que poderia indicar, segundo ele, o esgotamento da fertilidade dos terrenos no município. Um indício disso, sempre segundo Leão Gomes, seria “a diversificação de investimentos feita por alguns fazendeiros cantagalenses. O sr. Jacob van Erven, proprietário da Fazenda Santa Rita, uma das maiores de Cantagalo, resolveu transferir parte de seus recursos para a montagem de uma loja, no Rio de Janeiro, que revendia máquinas para a lavoura. Denominada Van Erven Irmãos- Engenheiros, este estabelecimento teve o seu anúncio publicado, durante todo o ano de 1882, no jornal O Voto Livre, órgão liberal, que circulava semanalmente em Cantagalo. Também no ano de 1885, no exemplar do Almanack Laemert, encontra-se o anúncio da loja dos irmãos Van Erven” (...) “que ficava na Rua Gonçalves Dias, nº 56, no município da Corte.”
Todavia, segundo os registros genealógicos disponíveis, Jacob faleceu em Bordeaux, França, em 1867, com aproximadamente 67 anos, “inventariado no mesmo ano em Cantagalo24. Teria Jacob, já antes de 1867, fundado essa firma “Van Erven Irmãos- Engenheiros” existente em 1882? Poderia estar associado nesse empreendimento ao irmão João, também engenheiro, que veio para o Brasil como ele próprio, radicou-se em Petrópolis e faleceu em 1875? Ou o Jacob van Erven mencionado refere-se não a ele mas ao filho de mesmo nome, que se formou em engenharia civil na Universidade de Gand, na Bélgica, em 1871? Quanto aos irmãos deste, somente Francisco era engenheiro, filho do segundo casamento de Jacob (sênior) e nascido em 1851. Este poderia emprestar seu nome à firma, mas, aparentemente, não tinha vocação comercial, pois depois de formado participa em Ouro Preto da fundação, em 1876, da sua Escola de Minas, onde passaria a lecionar (v. adiante). A questão portanto está por ser esclarecida...

Afonso Taunay, na “História do Café no Brasil” (Rio: Departamento Nacional do Café, 1939), faz várias referências a Jacob, destacando a sua contribuição para a melhoria do processamento desse produto. Assim, no tomo I, v.3, p.28, refere-se aos “melhoramentos nas estufas” que tinham produzido muitos bons resultados nas fazendas do comendador Clemente Pinto. E no tomo III, v.5, p.104, Taunay afirma:

"Algumas pessoas inteligentes e dotadas de faculdade inventiva mecânica, já haviam procurado remediar a tais defeitos, aperfeiçoando essas máquinas ou inventando outras mais vantajosas. Tal o caso do engenho de lustrar o café de Jacob van Erven, de Cantagalo, o engenho horizontal de pilões de Guilherme Benjamin Weinschenck e da Engenhoca cuja descrição e desenhos podia o leitor apreciar no Auxiliar da Indústria Nacional de setembro de 1853".


É interessante ainda deixar registrada aqui outra afirmação do mesmo autor, agora extraída da “Pequena História do Café no Brasil (1727-1937)” (Rio: Departamento Nacional do Café, 1945, p.114-115), onde ele se refere nestes termos à “Monografia do café e do cafeeiro”, publicada em 1860 pelo general Frederico Burlamaqui: “Fez Burlamaqui interessante apanhado do que era o maquinário beneficiador do café, em 1860, descrevendo os melhores maquinismos do seu tempo. Gabou muito os inventos de Guilherme Weinschenck, Jacob van Erven e a máquina chamada vulgarmente Engenhoca”.
Para concluir este tópico, gostaria de informar que na obra já citada de Fernando T.F.Pires consta que Jacob encaminhou à Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (origem da atual Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) “pedido de registro de máquina de beneficiar café, de sua invenção”25.


ESTRADA DE FERRO DE CANTAGALO

Pedro Carlos da Silva Telles, na sua “História da Engenharia no Brasil”, afirma que o Barão de Nova Friburgo chefiou “um grupo de capitalistas e fazendeiros” que contratou a construção de uma estrada de ferro unindo “Porto das Caixas, no fundo da Baía de Guanabara, até Cantagalo, passando por Nova Friburgo.” Um desses fazendeiros poderia ter sido Jacob, sócio do Barão também nesse empreendimento, que lhe interessava de perto e era vital para o escoamento da produção de café pelo porto do Rio de Janeiro. Afirma ainda aquele autor que o “trecho inicial, com 34 km, de Porto das Caixas até Cachoeiras (atual Cachoeiras do Macacu) foi inaugurado em abril de 1860, tendo sido assim a quarta estrada de ferro construída no Brasil26 (a primeira estrada de ferro é a do Barão de Mauá, inaugurada em 1853). O mesmo livro refere-se a uma intenção pioneira, mencionada na lei 120, de abril de 1838, que autorizou a construção de uma estrada de ferro de Niterói para São Gonçalo, Nova Friburgo, Cantagalo, Rio Bonito, Maricá e Cabo Frio. Afirma o autor: “Os carros seriam movidos a ‘vapor elástico de água, ou por outro qualquer motor posteriormente descoberto ou melhorado’! (sic). Apesar de /.../ toda essa futurologia a lei ficou sem efeito.27 Tal pioneirismo poderia ser decorrente da atuação modernizadora do engenheiro Jacob, e sua influência sobre Antônio Clemente Pinto, o qual, já em 1831, segundo Fernando dos Reis, era designado procurador da Câmara Municipal de Nova Friburgo junto à Corte para obter recursos destinados à abertura de estradas.


UMA CURIOSIDADE

Na cronologia incluída em “Terra de Cantagalo”, volume II, que contém subsídios para a história do município de Cantagalo, consta a seguinte informação:

1845- Neste ano, o Dr. Jacob van Erven, explorando terras do distrito de Santa Rita, encontrou e remeteu para o Instituto Histórico um coleção de ossos fósseis de megatérios, megalenis, gliptodontes e mastodontes.”28

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro instituiu uma comissão especial para dar um parecer sobre esses ossos fósseis, publicado mais tarde, na edição de 1866 da Revista do Instituto29. Em consequência desse fato (o envio dos ossos, acompanhados de uma carta em que descreve as condições do solo onde eles foram encontrados)-- revelador da personalidade de Jacob--, o holandês foi convidado a ser membro correspondente do Instituto, o que aceitou (cf. edição de 1867, p. 404, da mesma Revista)30.


TÍTULO DE COMENDADOR

Jacob recebeu do Império do Brasil o título de Comendador na Ordem da Rosa. Não consegui apurar quando isso ocorreu mas num documento oficial (parte de um inventário) datado de 19 de abril de 1855 tal título já antecede seu nome. Segundo o “Dicionário das Famílias Brasileiras”, essa Ordem foi criada em 1829 no tempo de D. Pedro I. Nela seriam admitidos tanto nacionais como estrangeiros que se distinguissem pela fidelidade ao Imperador e serviços prestados ao Império. D.Pedro II, ao longo de seu reinado, fez 1572 comendadores na Ordem da Rosa31.

OS TRÊS CASAMENTOS

Em 1830, Jacob casou em Nova Friburgo com Bárbara Maria de Jesus Seixas, nascida em 1812. Ela contava, portanto, 18 anos de idade na ocasião, enquanto ele, 30. Bárbara era filha de Francisco de Seixas da Fonseca e Maria Ferreira do Amaral. O casal teve dois filhos32, um deles Luiz Antônio (1831-1908), proprietário rural em Nova Friburgo e político do Partido Libera33, pai de Luiz van Erven (1857-1927), que foi prefeito interino do Rio de Janeiro em 1898. Bárbara não viveu muito. Faleceu em Cantagalo, em 1837, aos 25 anos.

No ano seguinte, Jacob casou em Cantagalo com a irmã dela, Francisca Maria de Seixas, nascida cerca de 1814 em Nova Friburgo. De acordo com o “Dicionário das Famílias Brasileiras”, eles tiveram sete filhos, cujos nomes, e descendentes, quando conhecidos, constam mais adiante. Um deles foi o meu bisavô, de mesmo nome e também engenheiro, Jacob van Erven. Sua mãe, Francisca, faleceu “antes de 1852”. Devia ter em torno de 38 anos ao morrer.
No artigo da “Revista Genealógica Latina” é mencionado um Jacob, filho de Bárbara, batizado em 1837. Não se trata de Jacob meu bisavô, pois este nasceu em 1844, conforme as seguintes evidências: 1) a data de seu nascimento, escrita pelo filho Otávio no verso da sua fotografia que tenho em meu poder, é “4 de abril de 1844” (cita-se aí também a data de falecimento: “13 de julho de 1895”); 2) a informação dos registros acadêmicos da Universidade de Gand, na Bélgica, onde ele se formou engenheiro civil. Conforme o e-mail que recebi dessa Universidade, nesses registros ele se declara com 20 anos em 1864, e também declara o lugar de nascimento – Cantagalo, no Brasil. Trata-se do nascimento de um outro Jacob, que chegou a ser batizado em 1837, mas não sobreviveu (cf. site de Lênio Richa, cujos dados confirmam essa afirmação: “n. 1837, Euclidelândia, f. no mesmo ano”). Assim, o Jacob meu bisavô recebeu o mesmo nome daquele, o que costumava acontecer. Note-se que 1837 é também o ano de falecimento de Bárbara, o qual pode ter ocorrido em conseqüência de complicações do parto.
Dos registros acadêmicos da Universidade de Gand constam ainda informações sobre João van Erven (Sobrinho), um ano mais novo que Jacob (filho), seu irmão, admitido na mesma época. Ele só cursou lá o ano letivo de 1865/66, ao contrário de Jacob, que ali concluiu o curso, graduando-se em 1871. No livro de Jan van Erven Dorens antes referido, publicado em 1928, consta que Jacob, João e Bernardo estudaram na Bélgica. Sobre estes últimos, o músico Tadeu Santinho, de Cordeiro-RJ, fornece informações interessantes. Ele descobriu que Bernardo é autor de uma polca intitulada “Cordeirense”, composta em 1888, a qual foi gravada pelo grupo de choro de que participa. João por sua vez era amigo, nas palavras de Tadeu, do grande flautista belga Reichert, pois este lhe dedicou (“à son ami”) um de seus estudos para flauta, disponível no acervo da Biblioteca Nacional.

Em 1852, Jacob casou pela terceira e última vez, agora com Josefa Maria Pereira de Sampaio Sandoval (c.1825-1898), no Rio ou na fazenda do Macuco, em Cordeiro. Ela era filha do brigadeiro Antonio de Sampaio e Almeida Mariz e de Tomásia Caetana de Vasconcelos. O casal teve apenas um filho, Antônio de Sampaio van Erven (1853 ou 1854-1930), nascido na fazenda Água Quente ou Santa Rita, em Euclidelândia, distrito de Cantagalo. Segundo o “Dicionário das Famílias Brasileiras”, Antônio “Teve por padrinho e tutor o barão de Nova Friburgo que administrou a fazenda Santa Clara durante a sua menoridade.” A menoridade de Antônio iria até 1872, quando completou 18 anos. Mas o Barão faleceu em 1869. Assim, ele só pôde ser seu tutor até essa data, i.e., até os 15 anos de Antônio.

Jacob faleceu em Bordeaux, em 186734 Por que faleceu na França e não no Brasil? A viagem teria sido motivada por objetivos comerciais (como tantas outras que devem ter ocorrido antes)? Teria sido para tratar da saúde na Europa? Para rever os filhos que estudavam na Bélgica, ou os parentes que viviam na Holanda (como o irmão Antonius Frits e família, ou os filhos do tio Walter van Erven Dorens, Thomas, então com 67 anos, Susanna, 59, e Theodoor, 52, conforme sugere meu informante Daan van Erven Dorens?)
Segundo a Enciclopédia Britânica, a cidade portuária de Bordeaux, no século XVIII, prosperou como centro de comercialização de escravos, que eram importados da África e encaminhados para as Índias Ocidentais (ou Antilhas), em troca do açúcar dessa região, posteriormente exportado para a África35. Como se viu na citação do livro de Tschudi, o barão de Nova Friburgo atuou no comércio de escravos, e talvez tivesse tido, no passado, relações com Bordeaux nessa área. Mas desde 1850 o tráfico de escravos para o Brasil já estava proibido...
Alguns anos após a morte de Jacob, em 1874, a “Revue Maritime et Coloniale” publicava matéria sobre as colônias de imigrantes no Brasil. Uma destas colônias, localizadas no Estado do Rio de Janeiro, chamava-se “Jacob van Erven” e possuía na época 2354 colonos, como se vê na citação a seguir, extraída do site indicado abaixo36:

"Il y a beaucoup d'autres établissements fondés par les gouvernement provinciaux ou par des particuliers et dans lesquels presque tous les colons sont natifs du pays. On peut les classer rapidement ainsi qu'il suit:
Rio de Janeiro-- Jacob van Erven, 2354 colons; Wallao dos Veados, 540; Independência, de V. da Gama, 318; Santa Rosa, du comte Beaupendy, 142; Santa Justa de Carneiro Bellen, 123
".


NOTAS

1John van Erve, que reside em Nieuwegein, perto de Utrecht, é responsável pelo site http://home.wanadoo.nl/jvanerve Ele me forneceu informações sobre os antepassados de Jacobus desde 1380.
2“Família van Erven” por José Botelho de Ataide in “Revista Genealógica Latina” v. 8, São Paulo, 1956, p.291-294
3Cf. o site http://books.google.com.br/books?id=QkkDAAAAMAAJ&pg=PA120&lpg=PA120&dq=%22Santiago+Nunes+Ribeiro+d
que contém a carta de João van Erven, publicada na "Revista Trimestral de História e Geografia", do IHGB, nº 9, 1º trimestre de 1848. Ele afirma aí que seus colegas do Instituto saberão avaliar melhor do que ele a "irreparável perda que acaba de sofrer a literatura no Brasil" (cf dados sobre Nunes Ribeiro, e um ensaio de sua autoria, em "Caminhos do Pensamento Crítico", de Afrânio Coutinho, v.I, Rio, Ed. Americana, Prolivro, 1974).
pode ser lidas as atas mencionadas da Câmara Municipal de Petrópolis.
5O livro em holandês intitula-se "Onze familie" (= "Nossa família") e faz menção, em seu primeiro capítulo, ao jovem Jacobus. O trecho em que ele é mencionado é o seguinte, conforme a tradução que me enviou a Sra. Jacqueline Jeanne van Erven Sigaud: (Jacobus certa vez) "fez um bonito desenho, um 'pêle-mêle' (vários retratos no mesmo quadro ou desenho), como era moda, e assinou 'J.G.P. van Erven, pensionato de Tilburg'. Este último, muito novo ainda, embarcou para o Brasil, em companhia de outro irmão. Fizeram fortuna. Um era médico, o outro negociante. O médico não teve filhos, o negociante teve três filhos: Jean, Jacques e Bernard, que ainda vieram à Europa há aproximadamente 60 ou 70 anos. Nessa ocasião foram estudar em Bruxelas e residiam em Tilburg, na casa de Frits van Erven, um outro irmão do pai deles."
6 “Revista Genealógica Latina”, op.cit., p. 291.
Lênio Richa, em seu site, afirma que Jacob era “cafeicultor e proprietário de fazendas em Cantagalo-RJ (uma delas vizinha da situação de Antonio José Ricardo, no Sossego da Serra, nas vertentes do Rio Negro)”.
7Além desses fatores, que são os fundamentais (um fator de “expulsão”, e outro de “atração” de população migratória), também poderiam ser citados o desejo de aventura, próprio dos jovens, e o interesse antigo da Holanda pelo Brasil, que ocupou parte do Nordeste no século XVII e devia influenciar o inconsciente coletivo da sua população.
8Pires, Fernando Tasso Fragoso-- "Fazendas: As grandes casas rurais do Brasil"- New York: Abbeville Press, 1995- p.91
9Nicoulin, Martin—“A gênese de Nova Friburgo”. Emigração e colonização suíça no Brasil (1817-1827). Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1996, p.48
10Cf. artigo de José Antônio Soares de Souza in “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro”, v. 310, jan.- mar. 1976, p. 112.
11Pires, Fernando Tasso Fragoso-- "Fazendas...", op. cit. A propósito da exploração de ouro, Acácio Ferreira Dias informa o seguinte: "Em 1850, mais ou menos, é que cessou a exploração regular de uma mina de ouro em Santa Rita do Rio Negro (...) A exploração era do velho Barão de Nova Friburgo e dirigida por Jacob van Erven, perto do córrego ainda hoje denominado da Lavra. As pedras eram trituradas por pilões movidos a água e a mineração foi abandonada por ter ruído um dos túneis, ficando sepultado cinco pessoas" (Dias, Acácio Ferreira-- "Terra de Cantagalo". Niterói: Diário Oficial, 1942, p. 167). Santa Rita do Rio Negro é chamada atualmente Euclidelândia (cf. a 2ª ed da mesma obra, v. II, 1981, p. 291), um distrito do município de Cantagalo- RJ.
12Tschudi, J.J.—“Viagem às Províncias do Rio de Janeiro e São Paulo”. Introdução de Afonso de E. Taunay. Tradução de Eduardo de Lima Castro. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980- p.83. Também uma nota ao artigo "Outras visões para a observação de algumas das famílias que atuaram no Vale do Paraíba Fluminense durante o Ciclo Cafeeiro", por Roberto Menezes de Moraes, abaixo transcrita, reforça as origens humildes do barão de Nova Friburgo. Esta é a nota: "Vale aqui transcrever uma passagem da vida do barão de Nova Friburgo apresentada na dissertação de mestrado de Carlos Eduardo de Castro Leal, inédita, 'O Banquete de Trimalcião', comunicada oralmente ao autor por Lygia van Erven Dodsworth Martins, proprietária da Fazenda Santa Clara, no município de Cordeiro, E. do Rio, e descendente do comendador Jacob van Erven, administrador e depois sócio daquele titular: num jantar de gala, estando em presença dos filhos, o velho barão num dado momento chamou a atenção de seus convidados para o fato de que 'aquelas costas já curvadas pelo tempo haviam carregado muita manta de carne seca' (Dissertação apresentada ao PPGAS/Museu Nacional/UFRJ em agosto de 1995)". Artigo contido no site abaixo, acessado em 6.11.2010:
Todavia, a informação sobre o Barão no “Dicionário das Famílias Brasileiras” de Carlos Eduardo de Almeida Barata e Antônio Henrique da Cunha Bueno- v. I, p. 741, não confirma essa versão. Os autores destacam aí a importância já em Portugal da família Clemente Pinto, “de abastados senhores rurais”, que teve princípio em João Clemente Pinto, avô do Barão de Nova Friburgo.
13Fernando dos Reis- artigo “Nova Friburgo e os Nova Friburgo”, disponível na época da consulta em http://www.serrabusca.hpg.ig.com.br/noticias/panorama/antigos/panorama1605.htm
14Nicoulin, Martin—“A gênese…”, op.cit., p.221 e seguintes
15Tschudi, J.J.-- op. cit., p.83. Pang, Eul-Soo, baseado em Registros Paroquiais de Terras, afirma que Antônio Clemente Pinto possuía 5 propriedades na Freguesia do SS. Sacramento e 21 na de Santa Rita do Rio Negro, ambas no município de Cantagalo (cuja abrangência territorial era bem mais extensa que a de nossos dias). Além disso, ele registrou fazendas, sesmarias e terrenos em nome de sociedades ou em parceira com membros da elite local. Uma delas foi com Jacob: “The Nova Friburgo e Jacob Van Erven Company held seven sesmarias and three 'posses' of land in the Rio Negro and Sacramento districts.” (Pang, Eul-Soo-- “In pursuit of honor and power: noblemen of the southern cross in nineteenth-century Brazil”- The University of Alabama Press, USA, 1988, p. 106). No Anexo I transcrevo os Registros de Terras que encontrei nos Livros 26 e 29 do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, relativos à firma social Clemente e Van Erven e à Clemente, Van Erven & Sampaio.
16Informação extraída do site http://www.genealogiabrasileira.com/cantagalo/cantagalo_vanerven.htm
acessado em 06.11.2010. O Barão de Nova Friburgo faleceria em 1869, segundo o "Dicionário das Famílias Brasileiras", op. cit., v.I, p.741.
17 Nicoulin, Martin—“A gênese…”, op. cit., p. 171-172 e p.216 (inclusive nota).
18Os colonos de Schaeffer em Nova Friburgo” por José Antônio Soares de Souza in “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro”- v. 310- jan.-mar. 1976-. Departamento de Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, p. 5 a 214
19“Revista do Club de Engenharia” nº 30. Rio de Janeiro, 1928, p.166. Getúlio das Neves, o autor da carta referida, foi colega de Luís van Erven na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde este se formou engenheiro civil em 1879. De acordo com o site http://www.marcusvinicius.com/main.htm , acessado em 23.08.2009, Getúlio presidiu a Comissão de Recepção a Einstein em sua visita ao Rio de Janeiro em 1925 (o qual daria uma palestra no Club de Engenharia em 6 de maio- cf site http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/amf/einstein/art_ciencia_hoje.pdf ). Getúlio das Neves faleceu um ano depois de seu colega, em 1928.
20“Enciclopédia Mirador Internacional”.Encyclopaedia Britannica do Brasil Ltda, 1987, v. 5, p.1888
21 “Enciclopédia Abril”. 2a. ed.- São Paulo: Abril Cultural, 1976, v. 2, p. 242
22 João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu: Ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
23Gomes, Mauro Leão-- “Ouro, posseiros e fazendas de café. A ocupação e a degradação ambiental da região das Minas do Canta Gallo na província do Rio de Janeiro”. Tese de doutoramento. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Dezembro de 2004. Disponível no seguinte web site, acessado em 24.08.2009: http://www.ufrrj.br/cpda/static/teses/d_mauro_leao_gomes_2004.pdf24Informação extraída do site http://br.geocities.com/lenioricha/cantagalo_vanerven.htmem 17.04.2009. O Barão de Nova Friburgo faleceria em 1869, segundo o “Dicionário das Famílias Brasileiras”, op cit, v.I, p. 741.
24 Cf site citado na nota 16
25Pires, Fernando Tasso Fragoso-- "Fazendas...", op. cit.
26Telles, Pedro Carlos da Silva – “História da Engenharia no Brasil (séculos XVI a XIX)”. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ed. S/A, 1984- p. 200. Eul-Soo Pang, na obra citada, p. 107, afirma que “the First Barão de Nova Friburgo, Antônio (Clemente Pinto) , in partnership with the Visconde de Barbacena, organized the Cantagalo Railway Company in 1856. The project was continued by a son, Bernardo, the future Conde de Nova Friburgo”.
27Telles, Pedro Carlos da Silva – “História...”, op. cit., p.186
28Dias, Acácio Ferreira – “Terra de Cantagalo”, v. II, 2a. ed., 1981, p. 114. Cf também a 1ª ed dessa obra, de 1942, p. 169-170.
29O parecer consta na íntegra no seguinte site, acessado em 17.04.2009: http://books.google.com.br/books?id=sKUoAAAAYAAJ&pg=RA1-PA519&dq=%22Jacob+van+Erven%22&lr=
30Cf site, acessado em 17.04.2009: http://books.google.com.br/books?id=zlIDAAAAMAAJ&pg=PA404&dq=%22Jacob+van+Erven%22&lr=#PPA404,M1
31“Dicionário das Famílias Brasileiras” , op cit, v. I, p. CXVI e p. LIII. Cf também verbete “Van Erven”, v. II, p. 2237.
32Essa é a informação que consta no “Dicionário das Famílias Brasileiras”. O artigo da “Revista Genealógica Latina” fala em três filhos, citando Antônio, Jacob (batizado em 21.10.1837) “e outro”. Este, conforme as considerações do texto, deve ser identificado como Luiz, falecido em 1908 (cf. voto de pesar consignado na Ata da 59a sessão ordinária do Club de Engenharia do Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1908, publicada na “Revista do Club de Engenharia” de 1914, p. 94). O “Dicionário das Famílias Brasileiras” afirma que seu filho, também chamado Luís, é neto de Jacob pelo primeiro casamento deste.
33Informações sobre Luis Antônio extraídas do site citado na nota 16.
34 Segundo registros no arquivo do Colégio Brasileiro de Genealogia-RJ, ele faleceu “em 4.07.1867 (sep nº 84 17ª série)”
35 Encyclopaedia Britannica, Micropaedia, vol.II, 15th edition, p.162
36O site http://gallica.bnf.fr/ark/12148/bpt6k34530v/f345.table (biblioteca digital da Biblioteca Nacional da França), acessado em 17.04.2009, traz na íntegra a “Revue Maritime et Coloniale” publicada ao longo de 1874. O tomo XLIII dessa publicação, correspondente a outubro-dezembro desse ano, contém informações complementares a um artigo publicado anteriormente (na edição de julho da “Revue”- p. 361) sobre as colônias alemãs no Brasil. Essa complementação refere-se às outras colônias existentes em nosso país, em diversos estados da Federação, como o Paraná (colônias do Superagui, Assungui e Tereza), o Rio de Janeiro (cf citação acima), o Maranhão e a Bahia.

14 comentários:

  1. Trabalhei com Dr. Conrado Van Erven Jr no Rio de Janeiro, escritório COPENE/COPESUL
    no período de 1975 a 1979. Perdi o contato com a familia, mas gostaria de reaver.
    Jairo H L Vieira
    jairo@medicware.com.br
    http://www.uniblog.com.br/jairohenrique

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  2. Procuro contato de descendentes de Antônio van Erven de Melo Barreto- nascido em 20.02.1898. Mandar email para patricia_omb@hotmail.com

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  3. Oi, Sr. Domingos. Moro em uma rua chamada Van Erven e em um prédio com mesmo nome. Sempre fui curioso com a origem do nome Van Erven. Acabei de encontrar graças ao senhor. Obrigado. Abraço.

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  4. PROCURO CONTATO COM BELLIENI QUE SE CASOU LA NOS ANOS 1700 E ALGUMA COISA COM UM MEMBRO DA FAMÍLIA VAN ERVAM

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  5. Sou filha de Moacir de Barros filho de Ester e Eduardo, gostei muito de ver a história da minha família, como poderei entrar em contato?

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  7. Os registros de Jacobus Gijsbertus Paulus van Erven podem ser vistos em www.wiewaswie.nl. Se precisar de ajuda para acesso a registros restritos, não hesite em me contatar em dirkveldman@gmail.com. Belo trabalho!

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  8. Muito bom saber o passado da família!

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  9. Muito bom saber o passado da família!

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  10. Prezado senhor Domingos, em primeiro lugar quero parabenizá-lo pelo excelente trabalho e pesquisa. Gostaria muito que o senhor pudesse entrar em contato comigo. Gostaria de obter mais informações sobre Edison Van Erven. Creio que é este citado neste trecho de sua pesquisa:
    1.6.2- Sílvio van Erven Júnior (1909-1952). Faleceu quando era Major da Policía Militar do Estado e Delegado Regional. Casou com Emma Smoger (1914-1997). São seus filhos: H
    Edison (1931-2002), s.d.; Carmen Maria (1932-2002); Regina (1936-1972); Rubens (1938-1994) e Egberto (1940-1976).
    Desde já agradeço sua preciosa atenção.
    Att
    Séfora

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  11. Olá, Sefora.
    Sou primo de Edison, mas tive pouco contato com ele. De qualquer forma, terei prazer em lhe prestar alguma informação que eu saiba e possa lhe ser útil. Cordialmente,
    Domingos van Erven

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  12. Domingos ola! Muito emocionante sua pesquisa. Sou bisneto de Antônia Van Erven, Neto de Araci que era irmã de Naci e Alcides (esse último ainda vivo). Estou fazendo a árvore genealógica da família com minha filha e tive o prazer de mostrar a ela fotos e nomes de nossos antepassados até o Séc XVIII. Muito obrigado

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